fotografia: Pedro Sadio
Estou desde o dia um para escrever sobre Julho. Mas achei que não o devia fazer ainda. Aceitei o conselho da minha Mãe que me diz que, quando estamos tristes ou menos bem com a vida, devemo-nos recolher, proteger e deixar que tudo isso passe ou abrande. Não sinto que as coisas estejam assim tão diferentes desde a semana passada mas percebi que precisei desse tempo só para mim, para me ouvir e para, acima de tudo, tentar perceber que caminho quero seguir.
Também é possível (e necessário) crescer nos momentos menos bons. E também não há mal nenhum se não formos capazes de sorrir todos os dias. Ninguém é feliz todos os dias. Não me venham com tretas. Óbvio que podemos sempre pintar uma realidade cheia de cores bonitas, alegres e passar para os outros aquilo que mais nos convém. É menos difícil, até para nós mesmos, continuar a fingir que está tudo bem ou que estamos confortáveis neste lugar. Eu não estou. De todo. E sei que preciso de mudar, de fazer isso por mim, por um futuro onde me possa voltar a sentir feliz, completa, amada. Preciso voltar a gostar de mim, aceitar-me do jeito que sou, sem o peso de uns olhos que acham que nunca chega, que nunca é suficiente. Podemos (e devemos) ser felizes com tão pouco. Mas para sermos capazes de perceber isso é fundamental que estejamos bem connosco primeiro. Tomar consciência de que podemos ser igualmente bonitos com todas as nossas imperfeições, de que podemos tomar decisões que mais tarde nos façam perceber que erramos, mas errar também só acontece a quem tenta, a quem vai à luta, a quem dá o corpo às balas. Se for preciso recomeçar então que assim seja, vamos sempre a tempo. O coração sabe muitas vezes aquilo que é melhor para nós mesmo que a nossa cabeça tente provar o contrário ou nos tente dificultar o processo.
Quando perdi o meu Pai prometi a mim mesma que não queria para mim coisas poucas, pouca atenção, pouco amor, pouca felicidade, pouca realização. A vida é um sopro, uma viagem que acontece depressa demais. Temos de perceber que somos a nossa maior prioridade e lutar por aquilo que desejamos, e que se correr mal só temos uma hipótese: levantar e seguir uma vez mais o caminho. As vezes que forem precisas. Se custa? Custa muito. Achamos que não é possível, que não vamos merecer mais, que não teremos força para suportar tudo mas é aí que a vida nos mostra que somos capazes de tão mais do que imaginamos. E nos dias em que dói mais não tem mal nenhum admitir que precisamos de colo, de um abraço, de uma palavra amiga. Não estamos sozinhos.
A semana passada eu já sabia tudo isto mas não era capaz de o verbalizar. Sei que vou continuar a ter muitos dias em que não vou querer ver ninguém, em que vou precisar do meu tempo e do meu espaço para chorar, para gritar, para deitar tudo cá para fora. Vou precisar de me olhar e perceber que um dia a luz que eu sempre vi em mim, nos meus olhos, vai regressar e vai brilhar ainda com mais intensidade.
Eu (só) quero ser feliz. E que eu nunca me esqueça disso.
Com amor,
Mia
Não deixaremos que te esqueças disso nunca ♥️
ResponderExcluirPois a vida é mesmo assim… passa num ápice e quando damos por isso tanta coisa passou por nós sem nos apercebermos do que é que perdemos, FORÇA Mia, o seu pai que tanto a adora, quer o melhor para si e quer seja FELIZ, VIVA, RIA E CHORE também para lavar a alma, mas por favor não se recolha que não vai adiantar nada…
ResponderExcluirbeijinhos
Clara
Receba bjs bjs e abraços carinhosos.
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