12 anos de blog, um ano sem escrever e uma bebé no colo.

1 de março de 2023

 


nem sei bem quantas vezes quis vir aqui escrever-vos... tive dias em que as palavras estavam todas na minha cabeça mas, por algum motivo que agora não interessa ao caso, não cheguei a partilhar aqui.

um ano de ausência em que tanto aconteceu na minha vida, um ano onde consegui finalmente engravidar! depois de uma perda e de tantos mas tantos anos de tentativas e tratamentos, perdi muitas vezes a esperança e quis convencer-me de que a minha vida podia ser igualmente feliz sem um bebé. e seria certamente, porque se há algo que nunca me faltou foi amor mas hoje que sei o que é ser mãe e a verdade é que tudo ganhou um significado maior. 

este "significado maior" completou ontem 4 meses de vida. digo muitas vezes que ser mãe é viver na maior bipolaridade que até hoje experienciei. é sentir um amor que não nos cabe no peito e, ao mesmo tempo, tantas vezes, sentir um cansaço que nos faz duvidar das nossas capacidades, da nossa força para suportar tudo, questionamos tantas coisas e percebemos que o tempo nos escapa das mãos ... é o carrossel mais louco de sentimentos, é mesmo!

regressei ao trabalho aos dois meses de vida da Emília, por necessidade e também por gostar muito do que faço, dois meses depois assumo, sem qualquer tipo de problema ou vergonha, que tem sido muito difícil encontrar um equilíbrio. tem sido efectivamente duro para mim perceber que as horas da manhã (o período em que me encontro no escritório) são insuficientes para fazer tudo o que precisava ... e é, tantas vezes, difícil  arranjar motivação, chegando ao final de tantos dias sentindo-me altamente frustrada. como se não conseguisse fazer nada, produzir zero.

neste último ano fiz menos terapia do que precisava.  tenho assuntos para resolver que bloqueiam muitos dos meus dias, e que nem sempre me permitem ser feliz como sei que poderia ser. tornei-me mais fechada, deixando que o meu sentir fique só para mim, não sendo partilhado. já não vivo à espera de pedidos de desculpa dos quais sei ser merecedora mas também não invisto mais onde já nāo caibo. 

12 anos de blog ... que aventura tão grande e, ao mesmo tempo, tão nostálgica. vivi coisas incriveis através e graças ao digital ... conheci pessoas que sempre admirei, fiz algumas amizades e fui crescendo na medida que me foi possível. confesso que sonhei chegar mais longe do lugar onde me encontro hoje mas, seja porque nunca estive bem acompanhada profissionalmente na área, por não ter tido quem lutasse por mim ou pelo meu valor ajudando-me assim a fazer acontecer trabalho ou por não ter tido a sorte que às vezes também é precisa nestas coisas ... cheguei aqui, vou-me divertindo quando posso, continuo a ser verdade nas coisas que partilho e isso para mim é o mais importante.

perguntam-me muitas vezes porque deixei de escrever aqui... para ser o mais sincera possível, acho que aconteceram muitas mudanças na minha vida, quase todas ao mesmo tempo e acreditem que, em muitos dias, tive vontade de aqui vir desabafar, dizer alguma coisa por mais parva ou básica que fosse mas, na verdade, sinto que enquanto durante anos fiz deste espaço uma espécie de diário sentimental hoje não consigo partilhar os meus sentimentos de uma forma tão genuína ou tão verdadeira. passei e ainda passo por  algumas coisas sobre as quais não posso, pelo menos por agora, falar ou expressar-me de uma forma verdadeira. #avidanãoéummarderosas

por outro lado, os meus dias tornaram-se uma confusão ... são 20h e eu tenho a Emília no colo, e estou a tentar escrever este texto de forma a que seja possível publicá-lo ainda hoje :) sinto que deixei de ter tempo para mim, para as coisas mais pequenas e até mais simples. como costumo dizer, a maternidade é o melhor do mundo mas sai-nos do pêlo todos os dias!

a quem chegou até aqui ... obrigada por continuar a visitar este pequeno espaço, quero muito voltar com mais frequência mas sei que, por agora, não estou em condições de fazer promessas. foi bom voltar, matar saudades de algo que já me trouxe tanta felicidade. 

despeço-me com a gratidão de quem sabe o tanto que tem na vida, agora ainda mais!

obrigada por estes 12 anos!


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